Você já ouviu falar em Transtorno Bipolar ou Maníaco-Depressivo? Antes de mais nada, certamente você já escutou algumas pessoas comentarem: “fulano é bipolar, uma hora está bem e, do nada, fica mal”. Isso acontece por, no senso comum, muitos acreditarem que uma pessoa é bipolar se ela muda rapidamente de humor. No entanto, embora seja sim um transtorno de humor, o que irá marcá-lo é o seu caráter fásico ou episódico. Como assim?
Assim, uma pessoa com bipolaridade apresentará episódios de mania e depressão e, com frequência, haverá períodos de remissão. Isso significa que haverá momentos em que o humor do paciente estará mais “estabilizado ou normal”, eutímico. Esses episódios ocorrem de modo relativamente delimitado no tempo. Isso implicará em uma análise mais profunda dos sintomas durante determinado tempo ou período, pois não ocorrer de “uma hora para outra”.
Então, vamos entender melhor o que acontece nesses episódios e quais são os seus sintomas?
Sintomas e Características Episódicas
As pessoas com transtorno bipolar vivenciam períodos de intensas mudanças no sono, produtividade e comportamentos incomuns. Esses períodos distintos são chamados de “episódios de humor”. Sendo assim, esses episódios são drasticamente diferentes dos modos e comportamentos típicos da pessoa. Portanto, faz-se necessário compreender como esses episódios podem se manifestar.
Episódio Maníaco: humor elevado, expansivo ou irritável. Para o diagnóstico é necessário a identificação de, pelo, menos, três dos sintomas abaixo por pelo menos uma semana:
- autoestima elevada ou grandiosidade;
- mais falante, loquaz ou logorreico;
- fuga de ideias e distraibilidade;
- redução da necessidade de sono;
- aceleração psicomotora;
- desinibição social e/ou sexual;
- aumento no envolvimento de atividades prazerosas de risco.
Episódio Hipomaníaco: presença de três ou mais sintomas maníacos por, pelo menos, 4 dias. Neste caso, não pode haver sintomas psicóticos.
Episódio depressivo: humor deprimido por pelo menos duas semanas. Para o diagnóstico é necessário a identificação de, pelo, menos, três dos sintomas abaixo:
- apatia;
- ideação suicida;
- redução da libido;
- isolamento social;
- baixa energia;
- sentimento de desesperança;
- insônia ou hipersonia;
- fadiga;
- alterações no apetite;
- queda no desempenho escolar ou no trabalho.
Quais são os tipos?
- Transtorno Bipolar Tipo I: ocorrem episódios depressivos intercalados com fases de normalidade e, pelo menos uma (mas geralmente são várias) fase maníaca bem caracterizada.
- Transtorno Bipolar Tipo II: há episódios depressivos intercalados com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas.
- Transtorno Bipolar Tipo Ciclagem Rápida: necessário que o paciente tenha apresentado, no último ano, pelo menos quatro episódios bem caracterizados e distintos de mania e/ou depressão.
Possíveis Causas e Fatores de Risco
Não há uma causa específica para o Transtorno Bipolar, mas estudos apontam para alguns fatores. São eles:
- Genética: a concordância entre gêmeos idênticos é de 40 a 70% , e a herdabilidade estimada chega a 0,9. Isso significa que é mais provável que surja em uma pessoa que tenha um membro da família com a doença;
- Componente Cerebral: desequilíbrios dos neurotransmissores;
- Fatores ambientais: abuso, estresse mental ou um evento traumático podem também contribuir para desencadear o transtorno bipolar.
IMPORTANTE: uma possibilidade é que uma pessoa com uma predisposição genética para o transtorno bipolar pode não apresentar sintomas até que um fator ambiental desencadeie um grave balanço do humor.
Diagnóstico e Tratamento
Nesse ínterim, faz-se fundamental um bom diagnóstico para um tratamento adequado do transtorno de humor, de modo a possibilitar uma vida mais saudável e produtiva às pessoas com bipolaridade. Antes de tudo, para obter um bom diagnóstico, é importante buscar um profissional na área de Saúde Mental, ou seja, um psicólogo ou psiquiatra. Cabe ressaltar que, por ser um transtorno episódio, será fundamental um acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico durante um período mais prolongado para que não haja erro no diagnóstico. Afinal, as pessoas com transtorno bipolar, tendem a buscar mais ajuda durante o episódio depressivo e podem ser diagnosticadas erroneamente com Depressão Maior.
Por fim, como é o tratamento para o Transtorno Bipolar? Para obter melhores resultados, o mais indicado é que seja realizado um tratamento combinado de medicação e terapia. É importante salientar que não estamos falando em cura, mas sim em tratamentos. Afinal, é uma condição para a vida toda, requer acompanhamento regular e contínuo, com profissional qualificado, que irá determinar as possíveis terapias.
Dessa forma, a medicação atuará com foco em estabilizar os sintomas de alterações de humor e, a psicoterapia, ajudará a identificar o que mais desregula e afeta o humor, a fim de produzir mudanças de atitudes ou comportamentais.
Faça também sua parte:
- Procure conhecer mais sobre seu tratamento com seu médico e psicólogo;
- Comprometa-se com você mesmo: não interrompa a medicação ou terapia;
- Estabeleça uma rotina de sono e alimentação mais leve e saudável;
- Com a ajuda da terapia, busque identificar e reconhecer sua oscilações de humor;
- Peça ajuda a um amigo ou familiar, você não precisa enfrentar tudo sozinho (a);
- Seja paciente e entenda que a melhoria é um processo;
- Respeite seu tempo.
Espero que tenham gostado das informações e dicas, pessoal!
Até a próxima! 😄🥰
Débora Tomaz (Psicóloga)